quarta-feira, 11 de julho de 2018

Opinião: meu irmão torce mais para o Real Madrid do que para o Bahia

Foto: Real Madrid - site oficial

Eu, Gabriel Moura, tenho um irmão de oito anos. Ele é torcedor do Bahia e sempre vai aos jogos, mas o passatempo dele favorito é sentar na frente da televisão e jogar o game FIFA. Ele adora controlar os jogadores dos times europeus, criar ligas, contratar e vender jogadores…

Hoje eu resolvi fazer algumas perguntas ao meu irmão para esta terceira parte do tema desterritorialização, com conceitos bibliográficos que já foram debatidos nos temas futebol nacional e basquete norte-americano. Primeiro perguntei qual a escalação do Bahia. O pequeno malmente conseguiu mencionar cinco jogadores. Logo após, levantei a mesma questão, só que com os times europeus. Ele respondeu corretamente de todos os times, Barcelona, Real Madrid, Manchester City, Juventus… Titulares e reservas. Ainda dizia o estilo de jogo de cada jogador e os reconhecia por foto. Logo após esse diálogo, ele pegou sua camisa do Real Madrid e foi jogar bola.

Crianças como meu irmão são cada vez mais comuns e não é difícil de se perceber. Nas ruas, as camisas que os meninos usam são as dos times europeus, os ídolos deles são dos clubes gringos, a discussão não é mais quem é melhor o jogador do meu time ou o do rival mas sim entre Messi e Cristiano.

A influência dos games nisso é clara. Se a criança perde horas jogando com o Manchester City, obviamente ela terá mais contato com o clube inglês que com o seu time brasileiro do coração. Aliado a isso, há o fato de os clubes brasileiros não se atentarem a esse mercado não apenas para conquistar os jovens brasileiros mas também para a internacionalização da marca. No FIFA, o game mais vendido, alguns times brasileiros estão presentes (Vitória, Flamengo e Corinthians, por exemplo, não estão), mas apenas com os escudos e uniformes, os jogadores são genéricos por causa de um problema judicial envolvendo atletas brasileiros e a EA, produtora do jogo.

Já no Pro Evolution Soccer, o PES, da produtora japonesa Konami, todos os times brasileiros da primeira divisão estão presentes e com os atletas reais, no entanto esse jogo é muito menos vendido que o FIFA e atinge um público menor.

Além dessa questão do não investimento nos games, as equipes brasileiras não promovem muitas ações de marketing no intuito de conquistar o público jovem, e às vezes até piora os atrativos para as crianças irem aos seus jogos. Por exemplo: antigamente a maioria dos clubes deixavam jovens de até 12 anos entrarem de graça nos jogos. Hoje, alguns times só deixam crianças de até cinco. Além disso, há toda a questão da violência que faz com que os pais evitem de levar seus filhos nos jogos da sua equipe.

Fato é que se não houver ações mais efusivas para fidelizar as novas gerações de torcedores, os clubes brasileiros vão perder ainda mais espaço nos corações dos jovens e os europeus, que hoje são os “segundos times”, passarão a ser os únicos pelos quais as crianças torcerão.



Opinião por Gabriel Moura
O contra o futebol moderno fã do Guardiola. O saudosista do futebol raiz amante da Premier League. O torcedor do City fã do George Best. O fã do Oasis que escuta Blur nas horas vagas. Uma mistura de Cruyff e Klopp com uma pitada de Bielsa.

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